Juíza do TJDFT fala sobre direitos dos idosos em debate no CNJ

Juíza do TJDFT fala sobre direitos dos idosos em debate no CNJ

Juíza do TJDFT fala sobre direitos dos idosos em debate no CNJ

por ACS — publicado 2022-08-25T13:11:00-03:00

Audiodescrição: Fotografia Dra. Monize Marques em evento do CNJ.É nosso dever permitir que todas as etapas da vida sejam dignificadas”. Essas palavras foram a tônica do discurso da Juíza do TJDFT Monize Marques, Coordenadora da Central Judicial do Idoso (CJI), na 2ª edição do Ciclo de Debates da Comissão Permanente de Políticas Sociais e de Desenvolvimento do Cidadão: “O Envelhecimento da População no Brasil – Uma Reflexão sobre o Papel do Judiciário na Efetivação dos Direitos das Pessoas Idosas”, que aconteceu na manhã desta quinta-feira, 25/8, no auditório do órgão. Promovido pelo CNJ, o evento, que foi transmitido e pode ser assistido pelo canal do CNJ no YouTube, contou com a participação, além da magistrada do TJDFT, de especialistas que debateram o tema do envelhecimento e o papel do Judiciário na efetivação dos direitos dos idosos.

O Ciclo de Debates da Comissão Permanente de Políticas Sociais e de Desenvolvimento do Cidadão teve o propósito de aproximar o Judiciário e parceiros de instituições públicas e da sociedade para discutir temas específicos relacionados à promoção de direitos sociais, a fim de contribuir para a proposição e implementação das necessárias ações ou políticas judiciárias relacionadas às matérias de competência da Comissão Permanente.

O evento foi aberto pelo Conselheiro do CNJ Mário Goulart Maia e contou com duas mesas de debates, ambas conduzidas pela Juíza Monize Marques, que é mestra em Gerontologia e membra fundadora  do Instituto Parentalidade Prateada (IPP). A primeira mesa  “Intergeracionalidade e conflitos familiares” teve a presença do médico-geriatra e perito Otávio Castello e do Professor Vicente Paulo, doutor em Ciências da Religião da Universidade Metodista de São Paulo. A segunda mesa abordou  “O papel do Poder Judiciário no acolhimento da pessoa idosa”  com as participações, além da magistrada do TJDFT, de Paulo Borges Júnior, escritor, presidente da Total Educação e Cultura; Bianca Cobucci, Defensora Pública do DF, mestra em políticas públicas, conselheira do Conselho do Idoso, Coordenadora da Central Judicial do Idoso; Marcelo Alves de Souza, Diretor Voluntário da Instituição de Longa Permanência  (ILPI) Lar dos Velhinhos Bezerra de Menezes; e Manoel Quirino de Oliveira – Idoso usuário da ILPI.

DRA MONIZE MARQUES CNJ 2.jpgDurante o pronunciamento, a Juíza Monize Marques destacou  sua “paixão pela causa” dos idosos e compartilhou um pouco de seu histórico familiar e da relação com a pessoa idosa. Ressaltou os 10 anos em que está na coordenação da Central Judicial do Idoso (CJI) e de sua decepção, no início dos trabalhos na CJI, quanto à insuficiência do ordenamento jurídico para trazer Justiça aos casos concretos: famílias fragmentadas,  ausência de recursos e sobrecarga dos cuidadores.  Segundo a magistrada, este foi o motivo que a levou a “buscar na gerontologia algumas respostas que eu poderia trazer para o Poder Judiciário”, contou.

Quanto à problemática do Judiciário sobre os idosos, a magistrada destacou: “Desafios que precisamos enfrentar com sobriedade, sob pena, inclusive, de a gente enxergar no idoso uma compreensão ou um acolhimento que esteja relacionado a uma caridade. Nós não estamos fazendo caridade. Nós estamos cumprindo a Lei e dignificando a Lei e a velhice. Esta é a nossa obrigação enquanto profissionais da área do Direito, enquanto cidadãos, enquanto gestores públicos ou privados. É nosso dever permitir que todas as etapas da vida sejam dignificadas”, pontuou.

Por fim, lembrou que a violência contra os idosos é, em sua maioria, cometida em ambientes familiares, e por isso, está longe dos olhos das autoridades. “Violências que acontecem no ambiente doméstico são silenciosas e invisíveis, são escondidas e precisamos de fato sair dessa posição de inércia que o Judiciário se encontra, por uma condição histórica, no que se refere à pessoa idosa, para uma posição pró-ativa, de trabalhar em rede e de buscar, em rede, uma percepção melhor de acolhimento a essas pessoas”, concluiu Monize Marques. 

central judicial do idosoCentral Judicial do Idoso

Durante o evento, a Juíza Monize Marques lembrou que a Central Judicial do Idoso completa 15 anos de funcionamento em outubro deste ano. A CJI é fruto de uma parceria entre o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT), o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e a Defensoria Pública do DF. É um projeto pioneiro no Brasil destinado à pessoa idosa do Distrito Federal que tenha seus direitos ameaçados ou violados e que necessite de orientação e atendimento na esfera da Justiça.

Em 2021, a Central Judicial do Idoso realizou 17.547 atendimentos, dentro dos quais, 846 no Núcleo de Mediação, alcançando 68% de taxa de acordos.

                                                                                                             Foto: G. Dettmar/Ag.CNJ

Fonte: TJDFT