Jovens em cumprimento de medidas socioeducativas estão tendo a oportunidade de melhorar seu desempenho nos estudos por meio de uma plataforma de educação inovadora, aliada ao acompanhamento de tutores e trilhas de conteúdo personalizadas para cada aluno. Trata-se do Edukhan, programa que se tornou possível no sistema socioeducativo do DF por meio da parceria com a Rede Solidária Anjos do Amanhã, programa de voluntariado do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT).  

O objetivo do Edukhan é combater o atraso escolar entre jovens de baixa renda ou em situação de vulnerabilidade socioeconômica e proporcionar as condições necessárias para que desenvolvam seu pleno potencial. O programa usa a plataforma Khan Academy, já testada com sucesso em outros países e traduzida para o português. O foco principal das atividades é o aprendizado de matemática e língua portuguesa.   

O Edukhan combina tutoria presencial com recursos digitais atrativos e elementos motivacionais, como sistema de pontos e recompensas (gamificação) dentro e fora da plataforma. “Isso torna o aprendizado mais divertido e incentiva os alunos a progredirem e se dedicarem, como se estivessem jogando, o que fortalece o engajamento ao transformar a experiência de aprendizado”, explica o idealizador e coordenador do programa, Daniel Jezini.  

O projeto-piloto iniciou em 2022 com crianças acolhidas na Casa Transitória de Brasília. Em julho de 2023, o Edukhan foi levado para o sistema socioeducativo, atendendo jovens da Unidade de Internação do Recanto das Emas (Unire) e da Unidade de Atendimento em Meio Aberto do Núcleo Bandeirante. Atualmente, o projeto está presente ainda em uma escola de Ensino Médio do Guará e no Centro de Convivência e Fortalecimento de Vínculos que fica na Casa de Ismael, na Asa Norte, bem como no Hope – Crescer com Integridade, em Nova Iguaçu/RJ, atendendo cerca de 60 estudantes.  

Benefícios aos socioeducandos

O agente socioeducativo Thiago Moraes conta que muitos socioeducandos da Unire relatam avanço significativo na escola depois que passaram a reforçar os estudos pela plataforma do Edukhan. “Muitos dos internos da unidade são jovens que se evadiram cedo da escola. Para um jovem com esse perfil e histórico de abuso de drogas, é muito difícil assistir a uma aula convencional no quadro e assimilar conteúdo. Pela plataforma do Edukhan, com o uso do computador e o sistema de gamificação, o ensino é mais didático e estimulante, tornando o aprendizado desse jovem mais fácil e prazeroso”, analisa o agente socioeducativo.    

Segundo Daniel Jezini, o objetivo para 2024 é ampliar e melhorar o projeto, alcançando cerca de 100 crianças e adolescentes. A ideia é expandir o Edukhan para outras unidades socioeducativas e mais um Centro de Convivência do DF. Mas, para isso, o projeto precisa da doação de computadores e notebooks em condições de uso e de mais tutores voluntários. “O Edukhan ampliado vai ajudar os jovens a terem um desempenho melhor tanto no ensino regular como nos cursos profissionalizantes. Um socioeducando me disse que está aprendendo a ler, escrever e interpretar melhor com o Edukhan. O projeto serve como incentivo para a continuação nos estudos”, afirma Thiago Moraes.  

A psicóloga Naiana Gomes, chefe do Núcleo Pedagógico da Unire, destaca a importância da participação da comunidade nas ações do sistema socioeducativo. “Existe o princípio da incompletude institucional. Por mais que trabalhemos com dedicação e alegria, procurando fazer atividades educacionais com os socioeducandos, nossos recursos são limitados. Por isso, a gente valoriza muito as parcerias com a comunidade”, ressalta a psicóloga.    

Experiência de ser tutor 

Tutor de matemática do projeto há um ano, Tobias Teles tem experiência de lidar com crianças em situação de vulnerabilidade e adolescentes infratores. “É enriquecedor vivenciar as diferenças do trabalho com os dois públicos, cada um com seus desafios e realidades. Eu os ensino e ao mesmo tempo aprendo muito com eles a utilizar a plataforma e a dar aulas de acordo com as necessidades de cada jovem”, conta o voluntário.  

Tobias afirma que o desenvolvimento dos alunos com as atividades do projeto e o respeito que eles têm pelos tutores o incentivam a continuar seu trabalho. “Sinto que não estou só ensinando matemática, mas dando um instrumento para que consigam seguir a vida com mais autonomia quando saírem do sistema socioeducativo”, declara sobre a experiência na Unire.  

A partir da sua convicção religiosa sobre a importância de ajudar os mais necessitados, Carlos Eduardo Guedes se tornou voluntário da Rede Solidária Anjos do Amanhã. Ele exalta a parceria da Rede com o projeto Edukhan, do qual é tutor atualmente. “A plataforma de ensino do Edukhan é divertida e dinâmica. O formato dos conteúdos e dos exercícios é original e diversificado. Isso faz com que os alunos mantenham o foco e o interesse nas atividades”, avalia.   

Segundo o voluntário, a gamificação da plataforma também está alinhada ao espírito dos adolescentes, ajudando a manter a motivação deles nos estudos. “Fico muito satisfeito de ser tutor de alunos que estudam por meio do Edukhan porque os vejo interessados, motivados, alegres e focados nos estudos”, declara. Carlos conta ainda que os socioeducandos da semiliberdade que ele acompanha no projeto demonstram interesse em continuar os estudos quando concluírem a medida socioeducativa. “A plataforma estimula os jovens a estudarem”, diz o tutor.  

Torne-se um parceiro 

Como organização sem fins lucrativos, o Instituto Edukhan de Resgate Acadêmico e Escolar depende de pessoas e empresas parceiras para obter recursos, espaços, equipamentos e voluntários. Se você também deseja ajudar estudantes em situação de vulnerabilidade social a progredirem nos estudos e construírem um futuro melhor, torne-se voluntário do Edukhan. Você pode:   

• Ser um tutor, compartilhando conhecimento em português, matemática ou ciências. 

• Ajudar nas atividades educativas e na plataforma digital. 

• Motivar os alunos a persistirem na jornada. 

• Doar computador ou notebook para a realização das atividades. 

• Doar recompensas para o sistema de gamificação dos alunos. 

• Contribuir financeiramente para o custeio do projeto.  

Para mais informações sobre as formas de ajudar o projeto, entre em contato com a Rede Solidária Anjos do Amanhã, pelo e-mail anjosdoamanha@tjdft.jus.br ou pelo número (61) 3103-3259 (telefone e WhatsApp).