Família conta a experiência de adotar irmãos adolescentes

Família conta a experiência de adotar irmãos adolescentes

Família conta a experiência de adotar irmãos adolescentes

por DA SECOM-VIJ/DF — publicado 2022-06-29T12:13:00-03:00

Audiodescrição: Família posa para foto em frente à jardim. Da esquerda para a direita, Maria Clara (16), menina de pele morena clara e cabelo castanho preso em coque, usa brinco compridos, blusa de mangas compridas laranja e calça jeans; o pai Erivaldo, pele morena clara, cabelo e barba grisalhos, usa óculos, veste camisa listrada azul com branco e calça escura; Leonardo (12), um pouco mais alto que os demais da família, pele morena clara, cabelos castanhos lisos na altura das orelhas, usa camiseta branca e calça preta; o pai João, pele branca, cabelos grisalhos, usa óculos de armação escura, camisa de manga curta azul e calça bege.

Adoção tardia e de irmãos não está entre as escolhas preferidas dos pretendentes à adoção no DF. No entanto, essa foi a escolha de Erivaldo e João. Os dois acolheram os irmãos Leonardo (12) e Maria Clara (16) em 2017. “Foi uma conexão imediata”, afirma Erivaldo. Para os pais, a sintonia foi tamanha que era como se os filhos sempre tivessem integrado a família.   

Juntos há 18 anos, Erivaldo e João resolveram ampliar o núcleo familiar. Em janeiro de 2015, deram entrada no processo de habilitação para adoção. Como a maioria dos candidatos, o perfil inicial era de crianças mais novas, mas com possibilidade de irmãos. Dados de maio do Cadastro de Adoção do DF indicam que 15% das 587 famílias habilitadas aceitam acolher crianças acima dos 4 anos de idade. Por outro lado, apenas 9 das 115 crianças cadastradas para adoção no DF têm menos de 4 anos.   

A mudança de perfil veio depois de muita pesquisa e conversa do casal. “Nesse tempo, líamos bastante, víamos programas com histórias de adoção e conhecemos perfis diferentes de famílias. Ao longo desse caminho, a gente foi percebendo que não importava tanto a idade e acabamos fazendo essa mudança”, conta Erivaldo. Os pais não se arrependem da opção. “Foi a melhor coisa pra gente, encontramos nossos filhos. É uma coisa louca, um amor incondicional”, completa Erivaldo.   

Audiodescrição: A família posa em uma cena de aniversário. Os quatro estão atrás de uma mesa. Sobre a mesa estão um bolo e docinhos confeitados de aniversário.Desafios 

Após a mudança de perfil, Erivaldo, João, Leonardo e Maria Clara se encontraram no dia 12 de junho de 2017. “No primeiro dia, foi meio constrangedor – tem aquela questão do primeiro encontro. Mas logo as despedidas começavam a doer”, lembra João. Em agosto, os filhos já estavam em casa. Apesar do vínculo desde o princípio, os pais contam que o início foi desafiante. “Quando eles chegaram, foi uma reviravolta. Aquele primeiro semestre foi uma mudança total, de logística, de preparo da casa, mas foi muito boa”, relata Erivaldo. Leonardo recorda esses primeiros momentos com a família. “Tudo era muito novo pra mim. Além das coisas materiais, fui ganhando muitas outras que nunca tinha ganhado mesmo, como amor”, fala o caçula. 

Passados cinco anos, os desafios são outros. “Hoje temos uma rotina consolidada e esse vínculo muito forte. Fica um vazio absurdo quando eles não estão aqui pertinho”, divide Erivaldo. Os pais falam que tudo foi uma evolução natural. “Quando eles chegaram, tinha toda a questão de criar vínculos, de atender as necessidades mais imediatas. Hoje temos relações sólidas. Chega um momento que a gente nem fala mais em adoção, a gente fala em filhos”, diz Erivaldo. 

Audiodescrição: Os irmãos Maria Clara e Leonardo posam dentro de um arco florido. Maria Clara à época era mais alta que o irmão. Os dois usam camiseta azul e calça escura.Totalmente adaptados ao lar, os filhos sentem-se livres e expressam suas personalidades e gostos com liberdade. “Os dois são muito carinhosos, mas têm personalidades completamente diferentes. É legal vê-los crescendo, descobrindo do que gostam e do que não gostam”, explica Erivaldo. Maria Clara gosta de escutar música, de sair e, como boa adolescente, de se cuidar. Ela prefere a área de exatas na escola e pensa em, quem sabe, ser bióloga marinha ou psicóloga criminal. Já Leonardo adora ver TV, especialmente filmes, séries e produções da DC Comics. O caçula é mais caseiro e prefere Educação Física na escola. 

Com dois filhos adolescentes, os pais dizem não ter medo dos desafios da nova fase da família. “O desafio é mais deles, lidar com toda essa mudança no corpo e na mente. Nem tudo são flores, mas o fato de a gente conversar muito facilita bastante”, diz Erivaldo. “À medida que eles vão crescendo, há questões que ainda vão aparecer. Estamos sedimentando a base para quando elas surgirem. Nosso desafio nos últimos tempos tem sido ajudá-los a se tornarem adultos conscientes, responsáveis”, completa o pai. 

Audiodescrição: Montagem com os irmãos Maria Clara e Leonardo. Na foto à esquerda, Leonardo está sendo carregado pela irmã Maria Clara; o menino está com os braços envoltos nos ombros da irmã. À direita, Leonardo dorme deitado no colo da irmã dentro de um carro. A opção por manter os vínculos

Sobre a decisão de adotar, os pais dizem que fariam tudo igual de novo. “A gente não os separaria de jeito nenhum. Eles se protegem”, conta Erivaldo. Do cochilo de Leonardo no colo de Maria Clara na volta de passeios a ações recíprocas no dia a dia, os pais falam que o laço dos irmãos é muito forte. “Eu tinha uma grande necessidade de ser amado, eu queria muito ter uma família, alguém que cuidasse de mim. Eu encontrei meus pais. Mas eu descobri que já era protegido por uma pessoa, embora não me desse conta disso”, fala Leonardo em referência à irmã, Maria Clara. 

Os irmãos deixam um recado a quem pensa em adotar. “Adoção é muito legal, muda tudo. Todo mundo precisa de amor e carinho, independente da idade”, fala Maria Clara. Leonardo completa a mensagem da irmã: “Se você quiser dar amor, há muitas crianças que precisam disso. E se por acaso você adotar e ela for muito danada ou não expressar seu carinho, não desista. Ela só quer amor, talvez não entenda isso”.  

Em Busca de um Lar 

Para aumentar as chances desses meninos e meninas que não correspondem ao perfil desejado pelos pretendentes habilitados no Sistema Nacional de Adoção (SNA), a Vara da Infância e da Juventude do Distrito Federal (VIJ-DF) criou o Em Busca de um Lar. Em sua terceira fase, a iniciativa procura uma família para quem já passou da idade mais desejada pelos pretendentes, para grupos de irmãos e para crianças e adolescentes com deficiência ou problemas de saúde, perfis que também são menos buscados no acolhimento adotivo. 

Participam da nova fase do Em Busca de um Lar diferentes formações de grupos de irmãos e adolescentes com sonhos que incluem receber carinho dos pais, ter uma família para ajudar no dever de casa e mesmo ter alguém para ir à formatura em Direito, que um dos integrantes sonha cursar na faculdade. São meninos e meninas com sonhos, características e histórias diferentes, mas com um mesmo objetivo: encontrar uma nova família. Conheça-os na vinheta do programa. Mais informações também na página da iniciativa: Em Busca de um Lar.

Fonte: TJDFT