Desembargador do TJDFT fala sobre Inteligência Artificial em audiência pública no CNJ

Desembargador do TJDFT fala sobre Inteligência Artificial em audiência pública no CNJ

Desembargador do TJDFT fala sobre Inteligência Artificial em audiência pública no CNJ

por DM — publicado 2024-10-03T12:45:22-03:00

Desembargador Roberto Freitas FilihoEntre os dias 25 e 27/9, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) realizou Audiência Pública com o objetivo de colher sugestões que possam contribuir com a regulamentação do uso de Inteligência Artificial (IA) no Poder Judiciário. Participaram diversos órgãos e entidades da sociedade, especialistas, instituições públicas e privadas e pessoas interessadas, dentre os quais, o Desembargador do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) Roberto Freitas Filho.

A participação do magistrado do TJDFT aconteceu no último dia do evento, 27/9, durante o painel de especialistas 5, e tratou do tema IA e responsabilidade dos utentes. O Desembargador Roberto Freitas Filho, que é Doutor e Mestre em Direito pela Universidade de São Paulo (USP), iniciou sua exposição sugerindo “um passo atrás” na questão do aperfeiçoamento da regulação da Inteligência Artificial no Poder Judiciário. Segundo o magistrado, deve-se, inicialmente, “apontar, no fundo, qual é o real o problema o qual estamos lidando”, aprofundando a própria definição de sistema de IA, ou seja, “o vocabulário que estamos utilizando para tratar da IA”, disse.  

54024741957_d3e452f5cc_k.jpgO Desembargador explicou que a legislação que aborda o tema, Resolução CNJ 332/2020que trata sobre a ética, a transparência e a governança na produção e no uso de Inteligência Artificial no Poder Judiciário –, fala de uma ferramenta que possua autonomia e que, portanto, produza inferência, o que pode gerar dúvidas. 

O Desembargador discorreu sobre o assunto. “A minha preocupação é a assunção de que nós temos que lidar com uma ferramenta que, de toda sorte é muito múltipla e variada. Uma ferramenta de automação e de otimização de atividades repetitivas para catalogação de processos é uma coisa. Uma ferramenta que tenha uma capacidade computacional tal de leitura de um banco de dados enorme e de produção de um texto que possa ser utilizado autonomamente como uma decisão, é outra coisa. Me parece que essa é a preocupação de todos nós”, explicou.

E, justificou o porquê voltar na discussão sobre a definição de Inteligência Artificial na resolução. “O passo atrás que eu gostaria de dar, e compartilho agora com Vossas Excelências, é de que nós tenhamos uma regulação que seja suficiente a incentivar que as ferramentas de otimização dessas atividades repetitivas sejam utilizadas sem que haja uma transferência de autoria dessas atividades”, afirmou.

 Por fim, falou sobre alguns aspectos que envolvem a regulação da IA no Poder Judiciário. O magistrado falou sobre os riscos e consequente precaução quanto às ferramentas de IA; sobre sua “pretensão” de que chamar ferramentas de otimização e de repetição de máquinas inteligentes é um engano; falou sobre a ênfase no tipo de ferramenta que nos preocupa, ou seja, a produção de texto para decisões; e falou sobre o princípio de não antropomorfização da máquina.

Sobre a Audiência Pública

A Audiência Pública – Inteligência Artificial no Poder Judiciário foi realizada pelo Conselho Nacional de Justiça entre os dias 25 e 27/9 e contou com especialistas que apresentaram propostas de alterações na Resolução CNJ 332/2020que trata sobre a ética, a transparência e a governança na produção e no uso de Inteligência Artificial no Poder Judiciário, para integrar a Neurociência na Governança Digital.

A participação do Desembargador Roberto Freitas Filho na Audiência Pública pode ser assistida no canal do CNJ no YouTube. 

Fotos: G. Dettmar/Ag. CNJ

Fonte: TJDFT